A bola dos outros

Outro dia, vi duas crianças discutindo o futuro delas como profissionais. Uma queria ser desenhista, outra queria ser médica. Fiquei em choque. Quando eu era guri, queria ser jogador de futebol; igual à maioria dos meninos. Só queria jogar bola. Depois percebi que os meninos que jogavam bem tinham sempre mais atenção das meninas mais bonitas. Na rua, no colégio, na praia e até debaixo do viaduto.

Vernissage

Um amigo passou no bar e fez o convite: a filha queria nos convidar para uma vernisssage. Não entendi exatamente o que ele quis dizer, mas diante da felicidade e do orgulho paterno, prometi minha presença. O tempo passou e, na véspera, eu ainda não sabia para onde havia sido convidado.

As bonitinhas do Facebook

Graças a Mark Zuckerberg, descobri que muitas mulheres continuam tendo os mesmos sonhos de criança. Quando eu era guri, todos os meninos queriam ser jogador de futebol e todas as meninas queriam ser modelo. A gente nem chamava de modelo, era manequim.

Budapeste, oito anos

O vovô boxeador que jogava pôquer bateu as botas. Eu já devia ter desconfiado, talvez por causa da demora em responder aos e-mails sobre minha provável visita para mais um churrasco de salsicha. Éramos apenas quatro, às vezes cinco. E ele sempre contava como aprendeu a jogar durante a Guerra da Coréia nos anos 50.

Nordeste is not a country

Nos anos 90, fui cobrir uma palestra de um desses famosos gurus da publicidade. No final, trocamos umas ideias e ele me contou que estava muito impressionado com o Nordeste porque, durante um dos debates em João Pessoa, um paraibano entrou na discussão e tinha um grau de conhecimento quase tão bom quanto o dele.

Largou a mulher e os filhos

Nem são as mais bonitas ou mais inteligentes que já conhecemos. São apenas a equação perfeita de tudo aquilo que admiramos, gostamos e esperamos. Só é uma pena que todo esse equilíbrio, quando a gente encontra, geralmente desequilibra nossa vida inteira.