O mundo seria melhor com mais máscaras de bichinhos

Fico mais tranquilo sabendo que outros seres humanos não estão me reconhecendo e vão pensar duas vezes antes de perguntar “que oração” no meio da rua. Mas veja você, podemos também inverter essa lógica. Descobri que as máscaras de bichinhos são uma maravilha para ser bem atendido nos lugares, sem precisar conversar e sem precisar demonstrar simpatia.

A tecnologia vai salvar a vida dos netos que não terei

Meus avós eram crianças e o Brasil era o país do futuro, eu cresci lendo a mesma coisa e você provavelmente também, hoje estamos todos pareados na amizade com a foice da Morte e continuamos ouvindo que somos o país do futuro, a diferença agora é ter a certeza que esse futuro não é nosso presente porque nunca foi nem o nosso passado. Resta-me acreditar que seja o futuro dos netos que não vou ter.

Uma xícara de afeto

Revirei a casa inteira. Abri as caixas de papelão. Empurrei o sofá. Abri as mochilas. Olhei dentro do armário de roupa. Ela tinha levado até a xicrinha. Quando até as formalidades se dissipam, que esperança ainda pode restar para o afeto de uma xícara?

Minha existência é um bolovo

Cascavilhei o meu cabeção em busca da primeira memória da minha vida. Tento abrir meus diretórios mentais à procura do que passei a admitir como a memória zero: uma lembrança imagética, consistente e contextualizada que defina a nossa existência cognitiva. Minha memória zero só aparece aos três ou quatro anos de idade e se resume a um bolovo.

Elas queriam amor, eu queria pizza

Aquela pizza em 1997 me mostrou o verdadeiro valor do trabalho. Ou melhor, mostrou que eu precisaria trabalhar três vezes mais do que todo mundo. Naquele ano, o preço médio de uma pizza no Recife era de 10 reais. Algumas mais caras custavam entre 12 e 15 reais. Só que a melhor pizza de quatro queijos da cidade custava 33 reais.

Quando o espaguete gruda na parede

Ela perguntou se eu sabia que levava apenas oito segundos para uma pessoa concluir se vai gostar da outra. Essa frustração cronometrada sempre me lembrou uma lenda urbana, bem popular nos anos 80, sobre como se deve cozinhar o verdadeiro spaghetti italiano: para saber se o ponto do espaguete está bom durante o preparo, jogue-o na parede. Se grudar, é porque está no ponto certo.