Tesoura de cortar pizza
Pedi uma pizza e veio uma tesoura junto. Não me contive e perguntei ao garçom: cidadão, a tesoura é para quê? Para tesourar o pizzaiolo?
Pedi uma pizza e veio uma tesoura junto. Não me contive e perguntei ao garçom: cidadão, a tesoura é para quê? Para tesourar o pizzaiolo?
Idiota gastronômico que sou e sempre fui, nunca tinha ouvido falar de falafel até meados de 2006. Um colega americano, vegetariano, me desafiou a “não gostar” do falafel recheado que ele conhecia e me levou até uma barraquinha que vendia lanches vegetarianos.
Na ficção juvenil de Highlander, os imortais só morrem se tiverem a cabeça cortada. Na obra prima de Bergman, a cabeça do cavaleiro entra em parafuso durante uma partida de xadrez com a Morte. Na dúvida, espero que deixem a minha no lugar. E resolvi voltar a jogar xadrez.
A gente costuma dizer que ninguém deve ter raiva de quem morreu. Eu tenho. Quando vejo amigos queridos desesperados, sem saber o que fazer e sendo cutilados financeiramente por funerárias, advogados, empresas fantasmas e golpes de todo tipo, tenho muita raiva. E anoto o nome de todos esses defuntos para que eu mesmo vá entregar uma carta de despejo quando for minha vez de chegar onde eles estão, seja lá onde for.
Descobri o que era jazz em 1992. O culpado é Michael Caine, que aos 90 anos resolve se aposentar. Obrigado, Michael Caine. Até hoje, nenhum outro estilo de música mexe comigo.
A morte de Milan Kundera me trouxe à memória o quanto ele detestou a adaptação americana de ‘A Insustentável Leveza de Ser’, filme de 1988 baseado em seu livro de 1984.
Se você tiver as manhas, a Nikon é uma monstra pragmática da eficácia. E quando usei uma D90 depois de dez anos, bateu saudades disso. A Nikon tem deficiências? Tem. Parou no tempo em relação à concorrência? Parou e faz tempo. Oferece opções de qualidade na linha de entrada? Não oferece. Tem inovações tecnológicas? Não tem. Mas a Nikon simplesmente vai lá e faz. Resolve qualquer pepino, descasca qualquer abacaxi, salva a pauta e o prazo.
Esse autorretrato é a única lembrança que tenho da minha primeira câmera digital de verdade, a Sony Alpha-100, uma guerreira que passou por mil e uma presepadas ao meu lado, no frio e no calor, nas chamas do coquetel molotov e nas rajadas de neve do Leste Europeu.
Apenas dois anos dividem as campanhas eleitorais de 2020 e 2022. E apesar do pouco tempo, o impacto foi significativo. Quando a gente entra nos bairros distantes do centro, eu sempre observo, procuro, mas não consigo encontrar mais nada que me cause impacto, surpresa ou alivie minha frustração. Chegamos ao fim de mais um período eleitoral e constato que meu pirulito já não rende mais como antigamente.
Naquele milissegundo em que o diafragma da lente se abre e o obturador da câmera se fecha, quem você é não faz a menor diferença. Ninguém quer saber em quem o fotógrafo vai votar nas próximas eleições, no que ele pensa da pauta ou da estratégia, do que fez na vida ou do conhecimento acumulado que tem. Com a imagem feita, vamos embora e ninguém percebe, porque naquele raio de visão a gente não estava ali mesmo. E eu acho isso lindo.